pt1Nesta segunda-feira, 03 de junho, cerca de 30 indígenas ocuparam a sede do Diretório Estadual do PT em Curitiba. Segundo o líder do movimento, a ocupação foi em protesto às recentes medidas do governo federal em relação a demarcação de terras indígenas no Brasil e no Paraná. Ocupações e protestos como esse aconteceram simultaneamente em cidades do Paraná e do sul do Brasil.

Nos últimos meses, essas questões ganharam destaque na política nacional, desde que os indígenas ocuparam o plenária da Câmara dos Deputados no dia 16 de abril, em protesto contra a PEC 215/00, que transfere responsabilidades pela demarcação de terras para o poder legislativo, enfraquecendo órgãos técnicos como a FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Enquanto alguns caciques da política corriam dos índios, o PSOL foi o único partido a apoiar aquele movimento.

Se é verdade que a PEC recuou no legislativo, a perseguição aos povos originários se manteve, com as declarações e ações da ministra da Casa Civil, a paranaense Gleisi Hoffman (PT), de que a FUNAI sozinha não deverá fazer as demarcações de terra e que tais demarcações devem ser suspensas. Junto a isso, um indígena foi assassinado em Mato Grosso do Sul numa ação de desocupação de terra.

Nesta situação, os indígenas resolveram agir. No Paraná, ocuparam a “casa política” de Gleisi, visto que não sabiam o local exato de moradia da ministra.

Para quem já teve esta estrela no peito, apoiar e se solidarizar com uma ocupação na sede de um diretório do PT foi algo diferente, inusitado. Mas que comprovou um dos motivos da fundação do PSOL em 2004: embora com militantes combativos, o PT não é mais um partido capaz de construir mudanças efetivas e reais na sociedade brasileira. A afirmação do presidente do PT do Paraná de que o movimento de ocupação foi organizado pelo tucano Alvaro Dias mostra a miopia da direção do partido, que acredita que o PSDB faz oposição de verdade ao governo e, mais ainda, que todo ato contrário ao governo é “conservador e retrógado”.

O movimento indígena merece todo nosso apoio neste momento. É mais um foco de resistência ao crescimento do conservadorismo na sociedade brasileira, que se vê a vontade para agir quando é o Partido dos Trabalhadores que está fazendo parte de suas pautas.