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Mais de 20 mil pessoas foram as ruas de Curitiba no dia 17 de junho

No dia 19 de junho deste ano, no auge dos protestos de junho, a Frente de Luta pelo Transporte de Curitiba foi recebida pelo prefeito da cidade, Gustavo Fruet, em seu gabinete. Naquele momento, a Frente apresentou sua demanda imediata de redução da tarifa de ônibus, além de outras pautas, como a abertura da caixa-preta do transporte coletivo. Depois de três manifestações grandes e uma reunião frustrante no dia 17 de junho, éramos finalmente recebidos pelo prefeito da cidade.

Naquela ocasião, Fruet argumentou que não era possível baixar a tarifa e muito menos baixar a tarifa técnica (valor que as empresas recebem da Prefeitura independente do preço pago pelo usuário). Segundo ele, haviam contratos a serem cumpridos e estes estabeleciam regras rígidas em relação a tarifa técnica. Fruet ainda colocou que haviam indícios de erros nos contratos mas que isso estava em análise por outros órgãos.

A Frente de Luta respondeu, argumentando que estávamos num momento único para questionar aqueles contratos e a forma de operação do transporte coletivo em Curitiba. Se com 30.000 pessoas nas ruas não fosse questionado o contrato, quando poderíamos fazer isso?

No dia seguinte, Fruet anunciou a redução da tarifa para R$2,70, cumprindo em parte a pauta da Frente de Luta pelo Transporte.

A partir daí, tivemos ainda outras manifestações relativas a pauta do transporte, reivindicando que a tarifa voltasse ao valor de R$2,60. Junto a isso, foi instalada uma CPI dos Transportes na Câmara Municipal e outros órgãos de controle, como Ministério Público e Tribunal de Contas, iniciaram (ou retomaram) investigações.

E os resultados começam a aparecer: a semana de grandes manifestações em junho foi capaz de mexer uma pedra que estava parada há mais de 50 anos, mesmo que não tenha feito imediatamente. Nas últimas semanas, foram divulgados relatórios da CPI e do Tribunal de Contas que apontam oficialmente para o que a “rádio corredor” já sabia há muito tempo: o transporte coletivo de Curitiba é dominado por um cartel.

Apenas uma família, Gulin, controla quase 70% das empresas de transporte coletivo. Além desta, outra família, Bertoldi, também tem várias empresas de ônibus entre seus negócios. Uma das lideranças da família Bertoldi é o deputado estadual licenciado e Secretário de Habitação de Curitiba, Osmar Bertoldi (DEM).

O relatório do Tribunal de Contas é explícito em afirmar que a tarifa poderia ser reduzida para R$2,25, uma redução de 16,7%. Ainda coloca que o processo licitatório foi viciado.

Por isso, não há dúvidas que há muitos “fatos novos” para enchermos as ruas novamente. É hora de exigir que Gustavo Fruet anule os contratos feitos com empresas de ônibus, o que pode inaugurar um novo momento para o transporte coletivo da cidade, com a possibilidade de redução das tarifas, melhores serviços e com a criação de uma empresa pública de transporte, possibilitando que a discussão sobre o tarifa zero ganhe concretude.

Para isso, Fruet terá de escolher: cumprir o prometido na campanha e o exigido pelas ruas, escolhendo um determinado lado nesta batalha e criando inimigos do outro ou se acomodar, deixando tudo como está e não se colocando a altura dos desafios.

#anulafruet, essa é a hora!