imagesMe belisca pra ver se estou acordado ou tendo um pesadelo. Este foi meu pensamento ao ler a notícia, em blogs e jornais, de que o ex-deputado e conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Hermas Brandão, “voltará a política” e se candidatará a deputado estadual, pelo PSB, em 2014.

A notícia e seus desdobramentos evidenciam o “mundo mágico” em que vivem as oligarquias políticas, especialmente as do Paraná. Porque não pense você que oligarquia é aquilo que se perpetua no Maranhão, em Alagoas ou no Amapá. O Paraná, apesar de propagandeado como moderno, é um dos estados brasileiros onde as oligarquias tem mais peso.

Hermas Brandão, nascido em Andirá (PR), é um político, digamos, experiente. Como deputado estadual eleito pelo PSDB, foi presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) entre 2001 e 2006 e também ocupou outros cargos em sua mesa diretora. Em 2006, chegou a ser inscrito como candidato a vice na chapa de Roberto Requião (PMDB), mas esta aliança foi depois impugnada. Em 2007, Hermas foi eleito conselheiro do TCE e ganhou seu “prêmio de consolação”.

No Tribunal de Contas, Hermas se aposentou compulsoriamente, por ter chegado aos 70 anos de idade, em junho de 2013 (esta vaga foi ocupada por Fábio Camargo. Será uma cota para os oligarcas?). Repare que Hermas se aposentou com os rendimentos de conselheiro do TCE depois de ter atuado apenas 6 anos neste órgão.

Mas sua presença no TCE não significou seu afastamento da política. Mostrando que política (ou, neste caso, a politicagem) é “algo de tradição”, em 2010, seu filho, Hermas Brandão Jr., o Herminhas, foi eleito deputado estadual. Além disso, seu neto, Evandro Júnior (PSDB), também é atualmente deputado estadual.

Com a possível candidatura de Hermas pai pelo PSB em 2014, seu filho já anunciou que não deseja concorrer. Mas nem todos os deputados estaduais se desanimaram com isso, visto que muitos acreditam que, com Hermas na presidência, vão poder reviver privilégios da época do comando do deputado, muitos deles denunciados pela série “Diários Secretos”.

Uma séria de conclusões são possíveis a partir desta notícia: 1) o PSB é um partido de aluguel e só um extraterrestre pode achar que o S de Socialista do seu nome tem algo a ver com o sistema de governo defendido por Marx e Engels; 2) a política paranaense é dominada pelas oligarquias, não sendo diferente da política no Maranhão, no Amapá ou em Alagoas; 3) o TCE é um espaço de privilegiado para  ex-deputados, garantindo uma sobrevida a governantes que tenham eventualmente seus gastos questionados.