site1A memória do dezembro de 2011 e da fatídica votação do projeto de lei das Organizações Sociais (OS’s) ainda estava na memória de muitos. Mas, felizmente, dessa vez o final da história foi diferente, pelo menos por enquanto. Dessa vez, o movimento social organizado, que encheu as galerias da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), conseguiu adiar a votação dos projetos de lei nº 22/2013 e 726/2013 (dois presentes de natal indigestos propostos pelo governo Beto Richa) para, pelo menos, fevereiro de 2014. Foi isso que o deputado estadual Ademar Traiano (PSDB), líder do governo, anunciou no plenário.

O adiamento da votação nesta segunda-feira foi a segunda vitória do movimento, visto que, se dependesse do governo e de sua base aliada na ALEP, o projeto teria sido votado na semana passada, sem nenhum espaço de debate que não fosse o próprio plenário da ALEP.

Mas, apesar deste fôlego, a luta contra a transferência dos serviços públicos para fundações (objeto dos PLs 22/13 e 726/13) deve continuar a crescer, visto que o governo Richa tem a maior parte dos deputados estaduais como apoiadores fiéis. Além disso, a própria bancada de oposição, liderada pelo PT, tem posição dúbia sobre este tema, visto que diversos governos estaduais petistas (como do Acre e de Sergipe) e prefeituras (como a de Curitiba) aplicam esta forma de gestão. Nossas possibilidades de vitória estão na força da mobilização dos sindicatos, do movimento estudantil e dos usuários do SUS, que com certeza vai crescer até o mês de fevereiro.

A sessão da Assembleia de ontem também evidenciou situações já costumeiras: os ocupantes das galerias “assustados” com o “tô nem aí” que caracteriza a participação dos deputados na ALEP, especialmente quando alguém está falando nos microfones, a truculência da segurança militarizada, a demonstração que aquele não é um espaço para a maioria da população, a necessidade de termos uma oposição sem vacilação…

Mas o que mais chamou a atenção, de novo, foi a truculência do presidente da ALEP, o deputado estadual Valdir Rossini (PSDB). Suas atitudes mostram que Rossoni não suporta ver aquelas galerias lotadas pela população que luta por seus direitos sociais. Para o presidente da ALEP, só podem se manifestar nas galerias aqueles que foram eleitos. Se tivesse condições, Rossini ia propor o fechamento das galerias. Ao ouvir um sonoro “não, não nos representa”, Rossoni virou de costas e paralisou a sessão. A “casa do povo” se mostrou, novamente, apenas um discurso vazio.

Como consequência disso, devemos estar preparados para, em fevereiro, ter dois enfrentamentos: no convencimento dos deputados para que votem contra os PLs 22/13 e 726/13 e também para garantir nosso mínimo direito de ocupar os espaços da casa que se diz do povo.