Será Fruet apenas um boneco dos empresários?

Será Fruet apenas um boneco dos empresários?

Em agosto de 1961 o então presidente Jânio Quadros, após menos de um ano de um mandato polêmico, renunciou ao seu cargo. Anos depois, Jânio teria dito que havia renunciado esperando que milhares fossem às ruas reivindicando sua volta. Ele queria sair para voltar “nos braços do povo”, com ainda mais poder. A fracassada medida, de renunciar para haver um clamor por sua volta, ficou conhecida como “Lei de Jânio”.

Algo semelhante parece estar acontecendo em Curitiba na questão do transporte coletivo: após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) referendar o parecer do conselheiro Nestor Baptista, que pede redução da tarifa técnica em R$0,43, as empresas de ônibus da cidade anunciaram que podem pedir a rescisão do contrato. Mais do que rescindir de verdade o contrato, o que parece é que as empresas querem chantagear a prefeitura.

Novamente, a argumentação dos representantes das empresas é de que elas operam no limite da lucratividade e que uma redução da tarifa técnica ia fazer com que as empresas operassem no prejuízo. É a repetição de um choramingo já contado em sessão da CPI do Transporte Coletivo na Câmara Municipal. É a repetição de uma história que parece não ter nem pé nem cabeça: como pode uma empresa operar há mais de 50 anos num negócio que dá prejuízo?

A chantagem dos empresários (ou seriam concessionários?) surge num cenário de vacilo de Gustavo Fruet, visto que, mesmo após recomendações do Tribunal de Contas, da OAB e da CPI para que a licitação e o atual contrato fosse cancelado, a prefeitura insiste em não ouvir tais orientações e ignora a maioria da população, que já demonstrou por diversas vezes apoiar uma medida mais radical para esta situação. Vendo que estão prestes a “cair do trono”, as empresas agora ameaçam rescindir o contrato, antes que uma medida judicial a faça.

Parece que, diferente de 1961, a “Lei de Jânio” terá um “final feliz”, com a Prefeitura clamando para que as empresas de ônibus não rescindam o contrato e tentando garantir que tudo permaneça como está no transporte coletivo da cidade.