exclusao curitibaRecentemente, a Prefeitura de Curitiba divulgou nas redes sociais a “zona de exclusão” para a Copa do Mundo, área em que não será permitida a circulação de pessoas não autorizadas ou moradoras do local durante os dias de jogos da Copa na cidade, ficando fechadas 4 horas antes do jogo e 2 horas depois. A divulgação gerou grande repercussão, causando indignação em muitas pessoas que não tinham o conhecimento deste absurdo permitido pela Lei Geral da Copa.

Entre os questionamentos mais importantes, estavam as perguntas sobre como seria o acesso a alguns hospitais que se encontram na “zona de exclusão”, como a Clínica Sugisawa, o Hospital Pequeno Príncipe e a Maternidade Vitor Ferreira do Amaral. Na última sexta-feira, segundo reportagem da Gazeta do Povo, reuniram-se representantes do Com­­­plexo Pequeno Príncipe, Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil para Grandes Eventos no Paraná, Secretaria Especial para Assuntos da Copa do governo do Paraná, Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo da prefeitura de Curi­­­tiba e Polícia Militar do Paraná para definir as regras de acesso aos hospitais da região.

Repare que a decisão sobre este tema não contou com a participação dos potenciais usuários dos hospitais, do Conselho Municipal de Saúde, da associação de moradores ou de qualquer entidade que não seja o próprio governo e suas diferentes instâncias (sendo os “representantes do Com­­­plexo Pequeno Príncipe” a exceção). Mais uma vez, a decisão sobre as ações e exigências da FIFA foi feita sem a população.

Pois bem, feito esse “parênteses”, vamos ao que a reunião decidiu: “para chegar aos hospitais, as pessoas precisarão deixar seus carros estacionados próximos ao perímetro onde começa o bloqueio e fazer o restante do trajeto a pé”. Para os casos de emergência, haverá ambulâncias na área de bloqueio para o transporte até os hospitais.

Ou seja, a reunião entendeu que a “segurança do público dos jogos” é mais importante que o acesso a importantes hospitais da cidade. Não me parece que alguém que esteja procurando um hospital de emergência tenha condições de deixar seu carro na ponta do bloqueio, negociar com os agentes de segurança, que irão verificar exaustivamente se você não é um “perigoso terrorista”, e seguir a pé até um hospital, caminhando cerca de 1 km.

Essa situação é fruto das consequências de uma Lei que estabelece (ou acentua) um “estado de exceção” durante o período da Copa do Mundo. Se hoje há uma crítica por parte de muitos, é preciso lembrar que apenas um partido (o PSOL) votou contra a Lei Geral da Copa no Congresso Nacional.

Não é verdade que esta era uma denúncia para ser feita há 7 anos atrás, quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa. Há 7 anos atrás, não havia Lei Geral da Copa; há 7 anos atrás, a Copa de 2010 (primeira neste formato) não havia acontecido. Além disso, essa denúncia é importante, para que as populações do Qatar e da Rússia tenham mais elementos para resistir e, quem sabe, expulsar a FIFA e suas ordens de seus respectivos países.