MILNa última segunda-feira, 15 de dezembro, o jornalista Milton Neves fez mais um “defesa do indefensável” em sua coluna na rádio Band News. Conhecido por fazer um jornalismo que privilegia boatos e a comercialização de espaços publicitários nos programas que apresenta, Milton usou sua coluna diária (exibida em modo gravado) para criticar os pequeninos avanços que a estrutura do futebol brasileiro teve nos últimos anos.

Ao criticar as datas de finalização do campeonato brasileiro (começo de dezembro) e do começo dos campeonatos estaduais (em fevereiro), Milton Neves pareceu sentir saudade do tempo que as finais do campeonato brasileiro aconteciam entre natal e ano-novo. Para ele, esses dois meses de paralisação (que permitem 1 mês de férias mais 1 mês de pré-temporada) são “privilégios”, que “só servem para os times irem fazer jogos nos EUA”.

Os argumentos trazidos caem por terra facilmente. Primeiramente, é preciso dizer que quase nenhum time brasileiro tem condição de ir para outro país realizar uma pré-temporada. A ida do Corinthians em 2015 será a exceção que confirma a regra. Além disso, a garantia de 1 mês de férias e de 1 mês de pré-temporada é o mínimo para permitir um descanso e uma preparação adequada aos jogadores de futebol. Mais uma vez, Milton Neves usou do prestígio que ainda possui para defender, com mentiras, os interesses da grande mídia e do capital dentro do futebol brasileiro.

A posição de Milton Neves se opõe aos movimentos que tem sido feitos por jogadores (como o Bom Senso FC) e por setores (ainda minoritários) do jornalismo esportivo que tem buscado o que poderíamos chamar de uma “republicanização” do futebol brasileiro. Sim… porque o direito a pagamento do salário em dia, a férias e a horários dignos para os jogos não parece uma discussão que deveria estar acontecendo em pleno século XXI. É preciso registrar que aproximadamente 90% dos jogadores de futebol no Brasil ganham cerca de 2 salários mínimos e que os salários acima de R$100.000,00 são muito minoritários.

Os posicionamentos “em defesa do atraso” acabam impedindo que novos debates aconteçam, fazendo com que o futebol brasileiro fique parado, dominado atualmente pelo interesse dos cartolas, da grande mídia e dos anunciantes. Que, no ano de 2015, tenhamos mais jogadores do Bom Senso e jornalistas como Juca Kfouri e os da ESPN Brasil e bem menos Milton Neves. Menos, bem menos!