Frente-acorda-reuniaoprimeiraDesde meados de novembro, a Frente Acorda Cultura Curitiba vem pautando o debate nos movimentos sociais e na militância da cidade. Com um manifesto que rapidamente chegou aos 2000 signatários, a Frente articula uma série de pautas, direcionadas ao prefeito Gustavo Fruet (PDT) e ao presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Marcos Cordiolli, do PT.

O manifesto foi respondido pela FCC, que “deu de ombros”: argumentou que o manifesto era “político” e que as reivindicações não faziam sentido. Depois, em entrevista na Gazeta do Povo, Cordiolli melhorou os argumentos, atribuindo parte dos problemas a uma “herança maldita” da gestão anterior.

Além do manifesto, a Frente também organizou uma assembleia e uma manifestação na frente da Prefeitura. Mas, em todo esse processo, o conteúdo das pautas da Frente não foi o único tema que permeou os debates. Também esteve em pauta, ainda que de modo informal, a relação dessa Frente com uma disputa interna que estaria acontecendo no PT e a ausência de críticas a Secretaria Estadual de Cultura (SEEC). Por conta disso, nós do PSOL sofremos pressão, de diversas partes, para que não apoiássemos a Frente Acorda Cultura.

Além do contato “virtual” com o movimento, tive oportunidade de estar presente na assembleia que a Frente realizou. Na ocasião, vi uma sala cheia de gente disposta a lutar por políticas públicas de cultura em Curitiba. Vi, principalmente, uma pauta formada por itens justos e necessários. Vi, também, contradições nos discursos de alguns dos presentes, algo normal em qualquer frente política articulada em torno de pauta específica.

Entendo que nosso apoio a este movimento não deve se pautar se ele serve ou não a uma disputa interna no PT. Certamente essa disputa ocorre e se publiciza não apenas por essa pauta da cultura. Mas ela é uma disputa de dentro do PT. Não é nossa! o que deve balizar nosso apoio é o conteúdo das pautas apresentadas. E entendo que temos acordo com elas.

Também avalio que é falsa a “acusação” de que este movimento estaria poupando a SEEC. Digo isso porque participei de articulações que criticaram a SEEC (como o movimento #ContraFusão) após ser convidado exatamente pelos mesmos atores políticos que hoje estão protagonizando a Frente Acorda Cultura. Ou seja, não são pessoas “tucanas” ou que tem interesse em poupar a SEEC. Vale lembrar também que várias das pessoas que fazem esta acusação são mestres em fazer críticas acentuadas ao governo Beto Richa e se calar quando essas mesmas medidas são protagonizadas pelo governo federal.

Por fim, acho que as pressões que vem pra cima de nós surgem daqueles que querem deslegitimar este movimento, fazendo ele parecer apenas uma disputa interna do PT. Certamente a presença do PSOL mostra que o movimento é mais amplo do que quer fazer parecer o presidente da FCC.

Por conta disso tudo, entendo que é tarefa dos militantes do PSOL (especialmente aqueles que são ligados a pauta da cultura) fazer parte deste movimento, ajudando a pressionar a Prefeitura para que as políticas públicas de cultura saiam do papel, assim como a destinação de 1% do orçamento municipal para o setor.

*Confira o manifesto e as principais pautas da Frente clicando aqui