pesquisa-kayserUma notícia publicada ontem na Gazeta do Povo já comprometeu (ainda que não de maneira definitiva) a igualdade no processo de disputa da Prefeitura de Curitiba em 2016. Aparentemente de maneira inocente, foi divulgada a primeira pesquisa com candidatos a prefeito (eleição que ocorre em outubro de 2016), realizada pelo instituto Paraná Pesquisas. No levantamento, constam os nomes de até 8 candidatos, a maior parte deles fruto de pura especulação de bastidores.

Faltando ainda mais de um ano para o processo eleitoral, é até normal que os nomes sejam mera especulação. Nesta situação, só há um motivo para um nome do PSOL não ter sido colocado na pesquisa: boicote! Digo isso porque nosso partido lançou candidato em todas as eleições majoritárias que teve chance, no Paraná (2006, 2010 e 2014) e em Curitiba (2008 e 2012). Se tem algo certo para 2016, é uma candidatura do PSOL para a Prefeitura de Curitiba.

Um nome do PSOL deveria ser colocado na pesquisa pelo simples fato de nós existirmos e termos a prática política de lançar candidatos. Mas, além disso, o PSOL teve boas votações em Curitiba em 2014 (para presidente, governador e senador), que superam inclusive os índices de intenção de voto de alguns nomes citados na pesquisa. A presença do partido nas eleições 2016 poderá influenciar decisivamente o resultado, como aconteceu nas eleições presidenciais do ano passado.

Os responsáveis do jornal e do instituto de pesquisa argumentarão que o PSOL não tem um nome. Isso é verdade. Mas os demais partidos, talvez com exceção do PDT de Fruet, também não tem um nome. Os candidatos colocados na pesquisa são lideranças dos partidos e nomes que já se colocaram como candidatos em algum momento. Com esse critério, haveriam vários nomes do PSOL a serem colocados.

E porque isso é manipulação? Porque, desde já, vai se configurando no imaginário da população quais serão os candidatos a prefeito, sempre sem o PSOL. E, no fim das contas, na hora do vamos ver, vários dos candidatos “cotados” desistem em troca de acordos partidários* e o PSOL mantém sua candidatura, que passa a existir para o grande público apenas no momento em que as mídias são obrigadas a divulgar todas as campanhas. Dessa forma, o processo eleitoral já começa bastante desigual.

A garantia de divulgação de todas as pré-candidaturas em todas as pesquisas eleitorais seria a única forma de fazer a defesa desses levantamentos. Do jeito que acontece hoje, as pesquisas acabam se tornando instrumento de especulação partidária e cada vez mais perdem sua credibilidade (ainda que esta continue grande). Desta forma, cresce a adesão a ideias como a de proibir a divulgação de pesquisas no período próximo a eleição (a maior parte das propostas fala em 15 dias antes).

Mas muito melhor do que limitar pesquisas, seria garantir que todas elas fossem feitas, desde o período pré-eleitoral, com os nomes (reais ou especulados) de todos os candidatos que estão na disputa.

*Em 2014, uma reportagem de janeiro da Gazeta do Povo citava 4 possíveis candidatos ao governo. Apenas o PSOL manteve a candidatura.