Deslegitima um blogueiro por ter uma foto ao lado de Lula (que ele mesmo tem várias), diz que sua esposa, secretária de Estado, não sabe o que é um auditor-fiscal, muda de posição a cada semana se os fatos do 29 de abril merecem ser condenados ou elogiados… Os acontecimentos dos últimos dias mostram que Beto Richa perdeu o controle sobre suas próprias ações.

Para quem está acostumado com políticos tão treinados pelo marketing e só procuram falar aquilo que não “trará problemas”, as declarações de Beto Richa são surpreendentes. Depois de anos sendo treinado pelo melhor do marketing eleitoral, a crise política do atual governo parece ter jogado por terra todos esses ensinamentos.

Não é por menos: Beto Richa já havia dito, em fevereiro, que estava surpreso com tanta oposição e que nunca tinha enfrentado isso em toda sua carreira política. Ele não sabia que os trabalhadores unidos são capazes de derrotar qualquer base aliada de governo. Deve ser esta a origem de tanto descontrole e declarações desastrosas.

Essa situação é fruto de um governo derrotado. Eleito em primeiro turno com uma bancada de apoio de 48 deputados estaduais (de um total de 54), Beto Richa não tem mais condições de governar. Pra aprovar seu ultimo projeto enviado a Assembleia Legislativa (ALEP), precisou promover um verdadeiro massacre, com mais de duas horas de bombas e balas de borracha, em cima dos educadores e servidores em greve. Na falta de apoio político, precisou de apoio militar. Duas semanas após o massacre, teve que retirar o projeto de aumento dos servidores de pauta da ALEP por conta de uma reunião de mais de 20 deputados da “base aliada” (que hoje conta com cerca de 33 deputados) que decidiu rejeitar qualquer proposta de aumento que fosse abaixo da inflação de 8,17%.

O governo Beto Richa estar derrotado não significa que Beto Richa não será mais eleito. Sabemos que o jogo eleitoral está muito distante da vida real das pessoas e é muito pautado pelo marketing e pelo dinheiro. Mas já podemos dizer que ele está derrotado, pois não conseguirá alçar voos mais altos que pretendia (como ser uma liderança nacional do PSDB alternativa a eterna disputa entre mineiros e paulistas), porque já tem a maior rejeição popular de um governador da história do Paraná (conseguiu superar seu guru Jaime Lerner), pois não consegue mais nem ir no supermercado comprar sua água Perrier.

Nossa missão é manter essa pressão em cima de Beto Richa e seus aliados. Sabemos que derrubar o governador não resolverá todos os nossos problemas. Mas também sabemos que uma eventual queda de Richa seria uma demonstração de força popular e um belo exemplo para alimentar mais a nossa garra na luta por direitos e igualdade social.