romanelli1Ele era do “MDB velho de guerra”, ligado a movimentos sociais, tinha sido um vereador e deputado estadual de oposição ao Lernismo e às privatizações. E assim se reelegeu deputado estadual em 2002. Os desafios eram outros, visto que pela primeira vez ele seria base parlamentar de um governo, já que o governador agora era Requião, da mesma origem PMDBista de Romanelli.

De parlamentar oposicionista, Romanelli virou líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Passou a defender todas as ações do governo, mesmo aquelas que se contradiziam com o que defendeu durante os anos em que foi oposição. Tornou-se uma figura presente na história política brasileira desde que ela começou: o puxa-saco.

As eleições de 2010 colocaram Beto Richa no poder. O novo governador do Paraná trazia muitas semelhanças com o antecessor de Requião, Jaime Lerner. Ele foi eleito derrotando o candidato apoiado por Requião. Mesmo assim, Romanelli manteve-se como “base aliada” do governo, tornando-se Secretário Estadual do Trabalho e Emprego. Era tão de confiança que era exonerado e voltava a ser deputado quando o governador precisava de seu voto na ALEP. Em 2015, tornou-se líder do governo Richa, sendo um dos articuladores dos tratoraços que geraram protestos de milhares de trabalhadores e estudantes e que culminaram no massacre de 29 de abril.

Depois de se tornar um político com ações baseadas na bajulação (no puxa-saquismo) do governo, Romanelli não conseguiu mais voltar a ser o que era antes. Sua adesão foi completa. É isso que chamo aqui de “Efeito Romanelli”. Evidente que ele não foi o primeiro e, parece, infelizmente, não será o último. Mas é um caso recente e exemplar, por isso “homenageamos” ele para dar nome a este “fenômeno político”.

Pois bem… por muitos anos o vereadores do PT foram oposição aos prefeitos de Curitiba, ainda que, a partir de 2003, por conta da presença do PT no governo federal, por muitas vezes membros dessa bancada foram parceiros da prefeitura em “grandes projetos”. Pedro Paulo, por exemplo, foi membro da comissão que articulou a Copa do Mundo em Curitiba (e esta já existia antes mesmo da gestão de Fruet). Esta situação que foi alterada a partir de 2013, por conta da eleição de Gustavo Fruet (da aliança PDT/PT/PV). O vereador Pedro Paulo foi, por 2 anos, líder do prefeito na Câmara. Jhonny Stica e Professora Josete foram fieis ao prefeito desde então. Votaram, inclusive, contra demandas de movimentos sociais e de sindicatos, como no caso da extensão da jornada de 30h semanais para os trabalhadores da FEAES. Mesmo após o rompimento do PT com a prefeitura, que gerou a saída de diversos militantes petistas de cargos comissionados, Stica e Pedro Paulo continuam defendendo a gestão Fruet e se considerando “base aliada” do Poder Executivo. Há, inclusive, boatos de que ambos se transfeririam para o PDT para ficarem “mais confortáveis”.

E em 2017, como vai ficar? Qual será a postura dos vereadores do PT? Num cenário incerto, não é possível afirmar com certeza que Fruet se reelegerá. Mas, com oposicionistas desgastados (como Ducci e Ratinho Jr.) e com a nova legislação eleitoral que dificulta (e muito) o surgimento de novos nomes e surpresas, arrisco a dizer que o mais provável é que Fruet vença novamente. Não sabemos, também, qual será o papel do PT ao longo da campanha eleitoral e qual será sua posição num eventual segundo turno.

Num cenário de vitória de Fruet ou de algum candidato ligado a Beto Richa, o “Efeito Romanelli” atingirá em cheio os parlamentares do PT?