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Foto do flagrante!

A quarta-feira, 27 de janeiro, foi movimentada em Curitiba. Isso porque o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriu mandado de busca e apreensão em uma das empresas de ônibus da capital, a Auto Viação Marechal, por conta de uma investigação promovida pela Polícia Civil do Distrito Federal.

A ação da polícia teve direito a cenas pitorescas: o diretor da empresa, Marco Antônio Gulin, foi flagrado saindo da empresa disfarçado de motorista para tentar evitar ser visto. Ele acabou sendo flagrado pelos trabalhadores da empresa, que divulgaram uma foto da cena, que acabou caindo na mídia. Posteriormente, a empresa divulgou nota repudiando a notícia. Ao responder a nota, acabaram admitindo que se trata mesmo do diretor da empresa. Só faltou argumentarem que o diretor estava, na verdade, fazendo parte daquele quadro do programa Fantástico (o “Chefe Secreto“).

A ação coordenada entre a polícia de Brasília e do Paraná evidenciou a relação entre os dois sistemas de transporte, assunto que até então estava em segundo plano. Em Brasília, a situação para os consórcios do transporte está feia: recentemente, um juiz determinou a suspensão da licitação, após um conjunto de investigações que apontaram uma série de irregularidades.

Apesar de ainda estarmos longe de termos o mesmo desfecho do Distrito Federal (DF), há muitas semelhanças entre os dois sistemas. Em 2013, durante a CPI dos Transportes da Câmara Municipal de Curitiba, um dos depoimentos que mais chamou a atenção foi o da deputada distrital Celina Leão (PSD). Na ocasião, Celina fez uma fala bastante eloquente afirmando que a mesma máfia que operava em Curitiba era a que operava em Brasília e que os métodos para garantir conluios nas licitações eram iguais.

A ação desta semana mostra que a “casa já está caindo” no DF e que isso também pode acontecer por aqui, apesar das vacilações da Prefeitura e do Judiciário local. Em outros momentos, investigações que apontaram suspeitas graves em cima das empresas de transporte de propriedade da família Gulin, pareceram abafadas.

O recente comportamento do SETRANSP (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana) mostra que eles estão acuados. Nos últimos meses, tem cada vez mais mostrado suas garras, atuando literalmente como uma máfia, atuando a partir de ameaças em cima da Prefeitura. Esta, por sua vez, capitula as chantagens e tenta se fazer de uma vítima, ao invés de tomar atitudes. Por outro lado, o fato das empresas não pagarem o salário dos trabalhadores e dizerem que não estão tendo lucro, indignou a maioria da população, que vê o não-pagamento como sacanagem e sabe que nenhuma empresa funciona por 40 anos com prejuízos.

Por fim, vale lembrar que tudo isso só ganhou fôlego a partir das manifestações de junho de 2013. Apesar de muitos dizerem que elas não serviram para nada ou que eram conservadoras, muito se abriu a partir daquele momento. Alguns resultados delas ainda estão aparecendo. É preciso manter as mobilizações de rua, contra o aumento das tarifas e também pela destituição das máfias do transporte, que estão cada vez mais ficando nuas.