xêniaFoi difícil construir o PSOL até aqui no Paraná e em Curitiba. Diferente de outros locais, por aqui o PSOL nasceu “do zero”, de um pequeno grupo de militantes jovens que saíram do PT junto com a expulsão dos “parlamentares radicais” em dezembro de 2003. Essa característica, que também trouxe aspectos positivos, determinou que demorássemos muito tempo (mais do que nesses outros locais onde o PSOL nasceu já contando com figuras públicas ou parlamentares conhecidos) para nos estruturar, para nos inserirmos nos movimentos sociais e para disputar a eleição com algum protagonismo.

Ao olharmos o PSOL em Curitiba, sabemos que esse processo de construção ainda longe do seu ideal. Mas, olhando para o partido desde 2012, é inegável o seu avanço organizativo e crescimento qualitativo. Mesmo assim, a nossa presença na mídia acaba quase que se restringindo ao período eleitoral, quando isso é obrigatório, ainda que de 2013 para cá tenhamos conquistado alguns espaços, com a presença frequente de alguns militantes em colunas de jornais e blogs.

A publicação de uma notícia na última semana mostra que essa situação pode estar mudando em definitivo: na última quinta-feira, 25 de fevereiro, o blog Caixa Zero repercutiu uma postagem de Facebook que já circulava há alguns dias, anunciando a pré-candidatura da “líder feminista” Xênia Mello para a Prefeitura de Curitiba pelo PSOL.

A notícia teve grande repercussão, majoritariamente positiva. Até o momento, já foram mais de 3800 compartilhamentos no Facebook (quando você acessa uma página da Gazeta do Povo por um computador é possível verificar o total de compartilhamentos), circulando para muito além do público que já simpatiza com o partido. Para se ter uma ideia, uma coluna escrita por mim no mesmo jornal e que tenha boa repercussão chega a quase 300 compartilhamentos; a última coluna semanal (que por coincidência foi sobre a conquista do voto pelas mulheres, uma pauta feminista) de Bruno Meirinho, também pré-candidato a prefeito pelo PSOL, teve 46 compartilhamentos. Ainda para comparação, um artigo escrito por mim no auge da mobilizações dos professores, no site da Carta Maior, sobre a primeira Assembleia no estádio, teve 2200 compartilhamentos e a notícia no blog Caixa Zero sobre a possível absolvição do ex-deputado Carli Filho, publicada no mesmo dia que a postagem sobre a Xênia, está com quase 4200 compartilhamentos.

A partir disso e dos acontecimentos que não se restringem a disputa eleitoral de Curitiba, algumas conclusões são possíveis:

1) O feminismo é um dos temas que mais tem polarizado o Brasil. É o que mostram as diversas mobilizações que tem acontecido, especialmente desde o segundo semestre de 2015. Recentemente, o Núcleo de Mulheres do PSOL-Curitiba teve que fazer uma lista de espera para que um cine-debate não transbordasse de gente. Nas mais diversas postagens sobre a pré-candidatura de Xênia Mello, o fato dela ser uma reconhecida e coerente militante feminista é colocada como uma vantagem. Essa situação não é isolada e também é verificada no surgimento (ou consolidação) de outras figuras públicas mulheres no PSOL, como Isa Penna, Sâmia Bonfim, Fernanda Melchionna, entre outras, tudo isso catapultado pela última candidatura presidencial, de Luciana Genro. O que chama atenção também é o protagonismo de mulheres muito jovens, de 16, 17, 19 anos, nesta pauta;

2) Há um espaço à esquerda na sociedade brasileira, inclusive em Curitiba. Ainda que o estado do Paraná e a sua capital sejam vistos como um “local conservador”, isso não significa que não haja espaço para pautas progressistas e/ou de esquerda. Fomos (e ainda somos) um local de contradições, onde convivem latifúndios e oligarquias e onde também foi fundado o MST. Ainda que ao longo dos anos este espaço no Paraná tenha sido ocupado pelo PT (ou ainda pela família Requião), não dá pra ter certeza de que isso vai continuar, até pelas ações nacionais que vem sendo feitas pelo governo do PT;

3) O PSOL não pode desperdiçar esta oportunidade. Desde a oficialização das 4 pré-candidaturas a Prefeitura de nosso partido, em todos os momentos em que os nomes foram “testados” para dentro ou, especialmente, para fora do partido, a pré-candidatura de Xênia teve um destaque muito superior. Ainda que seja verdade que a decisão em Conferência Eleitoral seja um direito e que a repercussão externa seja um fator apenas a ser considerado (sem ser um fator determinante), é verdade também uma definição anterior à Conferência (que ocorre em 10 de abril) poderia ajudar na melhor divulgação da pré-campanha do partido, na melhor definição do nome que vai para as pesquisas (diferente do que acontece hoje, quando o nome é escolhido pelo instituto de pesquisa ou pelo contratante). Não havendo grandes diferenças programáticas entre os projetos apresentados, temos que escolher o nome que poderá dar melhores condições ao partido para “furar a bolha” e garantir uma mobilização capaz de eleger o primeiro parlamentar do PSOL na Câmara Municipal de Curitiba. E não há dúvidas que o nome mais adequado a esta tarefa é o de Xênia. Também não há dúvidas que os outros três nomes serão fundamentais para a nossa chapa de vereadores.

Quando o PSOL foi criado, entendia-se que nosso grande papel era o de construção de uma alternativa de esquerda, especialmente necessária para o momento que o projeto do PT naufragasse. O momento chegou. As tarefas urgem. Não podemos bobear!

*Em tempo: para a Conferência Eleitoral do PSOL-Curitiba, terão direito a voz e voto todos aqueles e aquelas que estiveram filiados até o dia 10 de março de 2016. Fique atento.