Greca foi eleito prefeito em 1992, quando a votação ainda era no papel.

Greca foi eleito prefeito em 1992, quando a votação ainda era no papel.

Em seus pronunciamentos, Rafael Greca, pré-candidato a Prefeitura de Curitiba pelo PMN, tem se referido a necessidade de trazer Curitiba de volta. A afirmação é repetida por seus apoiadores nas redes sociais e também por outros pré-candidatos, como Éder Borges, do PSC. Essa frase carrega uma série de significados. Infelizmente, não são bons.

Isso porque trazer Curitiba de volta não vai solucionar os graves problemas que vivemos em nossa cidade. Por aqui temos problemas sociais estruturais e, sendo verdade que eles não foram solucionados nos últimos 4 anos, é verdade também que eles não surgiram de 2012 para cá. Muito pelo contrário.

Afinal de contas, foi a antiga Curitiba que se organizou com um planejamento urbano excludente, criando uma desigualdade muito grande entre a cidade-modelo e a periferia. Tal desigualdade é tão grande que um relatório da ONU indicou a capital do Paraná como sendo a 17ª cidade mais desigual do mundo.

Foi a antiga Curitiba que produziu uma máfia do transporte coletivo, que se expandiu para o restante do Paraná e do Brasil. Com isso, temos um transporte coletivo muito caro, que pune seus trabalhadores quando estes são assaltados e que é superlotado até em horários que não são de pico.

Foi a antiga Curitiba que se organizou de um jeito que faz com que os nascidos em determinado bairro vivam 13 anos a mais do que os nascidos em outro. A desigualdade mata.

Foi também na antiga Curitiba que vimos uma cidade que é campeã em assassinatos da população LGBT, que invisibiliza sua população negra, que não é capaz nem de cuidar do seu próprio lixo.

Esses exemplos mostram como não há porque termos nostalgia com a antiga Curitiba. Precisamos caminhar para uma cidade menos desigual, mais solidária, sem máfias do transporte coletivo, com um sistema de saúde realmente universal. Para isso, não podemos cair no discurso fácil daqueles que já tiveram a oportunidade de governar e que muito pouco fizeram para reverter esse quadro.