Marcha-Campinas-Julia-ViníciusNo próximo sábado, em Curitiba, acontece a Marcha pela Humanização do Parto, evento que busca alertar a sociedade sobre o mal que a “indústria do parto” vem fazendo para a saúde de mulheres grávidas e crianças. A marcha acontece no centro da cidade e a concentração será na Boca Maldita, a partir das 9h.

Tomei contato com este debate pela primeira vez na campanha eleitoral de 2012. Naquele momento, como candidato a vereador, fui convidado para participar de um debate em que os candidatos deveriam se comprometer com uma carta de intenções em defesa do parto humanizado.

Saí de lá absolutamente convencido de que é preciso mudar por completo as práticas de parto no Brasil. Na apresentação das pautas, os presentes foram informados do alto índice de partos de cesariana no país, muito acima da média da Europa e de outros países da América Latina, das violências cometidas contra as mulheres e dos interesses econômicos envolvidos, por parte da “indústria da saúde”, na defesa do parto por cesariana.

De lá pra cá, tenho acompanhado as dificuldades das mães que optam por um parto humanizado: faltam maternidades públicas e estatais que tenham este método e um parto humanizado chega a custar mais de R$10 mil, o que inviabiliza sua popularização. Neste cenário, não há opção de escolha para milhares de mulheres, que acabam tendo que se submeter aos métodos tradicionais do parto.

A dificuldade também não está apenas entre os usuários: os profissionais de saúde que defendem esta prática são, muitas vezes, descredenciados por planos de saúde ou simplesmente demitidos e/ou afastados de hospitais. Recentemente, foi o que aconteceu com uma enfermeira numa das poucas maternidades públicas de Curitiba. Apesar de pública, os profissionais por ela contratados são CLTistas e por isso não tem a autonomia profissional que um concurso público permite.

A defesa do parto humanizado se contrapõe a um modelo de saúde privatizado, médico-centrado e hospitalocêntrico. Por isso, deve ser incorporada por todos os segmentos que atualmente buscar resgatar os ideais da reforma sanitária brasileira.

É hora de aproveitar o momento em que este debate vem ganhando corpo (recentemente, o filme “O Renascimento do Parto”) para ganhar a sociedade para a ideia de é preciso combater esse modelo de saúde e medicina que usa até o momento do parto para garantir seus lucros.