paradagay

Por Nabylla Fiori*

No dia 28 de junho de 1969, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais que frequentavam o bar Stonewall Inn (localizado nos Estados Unidos) enfrentaram pela primeira vez a polícia novaiorquina, devido às repressões sofridas pelos policiais em outros momentos. Considerada um marco na história do movimento LGBT, essa data foi adotada como o Dia do Orgulho LGBT, dando origem às Paradas do Orgulho LGBT já na década de 70.

Embora a pauta pela libertação sexual estivesse na agenda dos movimentos socialistas em décadas anteriores, há, no entanto, a dificuldade desta se tornar uma das pautas prioritárias da esquerda, sendo-nos apresentadas diversas respostas para isso. Há quem afirme que o debate de gênero divide a classe trabalhadora; outros acreditam que a homossexualidade é um “desvio sexual pequeno-burguês”; há outros ainda que entendem a luta pela diversidade sexual como uma luta estratégica para a construção de uma sociedade socialista. É com estes últimos que nós, militantes do PSOL, estamos.

No parlamento, é o PSOL quem tem o primeiro deputado assumidamente gay e representante das bandeiras do movimento LGBT no Congresso Nacional, o Deputado Federal Jean Wyllys. Comprometido com as demandas do movimento, Jean Wyllys levou ao parlamento a defesa do casamento igualitário, da garantia à identidade de gênero, a regulamentação da prostituição, e encabeçou a defesa contrária ao projeto da cura gay, entre tantos outros embates com a bancada evangélica e com os setores mais conservadores.

O PSOL compreende que as pautas das pessoas LGBTs não devem ser secundarizadas na luta por uma sociedade igualitária: a opressão sofrida pelas pessoas LGBTs auxiliam na manutenção dessa sociedade baseada na opressão e na exploração. Ao defender um modelo tradicional de família, os setores conservadores da sociedade estão defendendo um sistema econômico baseado na propriedade privada, que precisa desse modelo de família nuclear para se manter. Apesar de alguns avanços resultantes da organização das LGBTs, continuamos hoje combatendo diariamente a lgbtfobia e combatendo as ofensivas da bancada evangélica no congresso nacional. Nesse sentido, vemos nossas bandeiras serem rifadas pelo governo federal em troca de acordos políticos enquanto centenas de LGBTs morrem por crimes homofóbicos anualmente, fazendo do Brasil um dos países mais homofóbicos do mundo; a transsexualidade ainda é patologizada e o direito ao nome social ainda não é garantido às pessoas trans*. Além disso, grande parte dos partidos que se dizem respeitosos às pessoas LGBTs, parecem não se importar em apoiar coligarem-se com partidos que apresentam retrocessos e agressões às nossas bandeiras, como se esta fosse uma pauta a parte que pouco tem a ver com um outro projeto de sociedade.

Neste 28 de junho, relembramos a Revolta de Stonewall na perspectiva de dar continuidade a esta luta, desafiando e combatendo o modelo da heterossexualidade como norma e do binarismo de gêneros, que aí estão para afirmar e sustentar o sistema excludente e desigual em que vivemos.

O PSOL carrega em seu nome a ideia de uma sociedade livre e sem desigualdades e injustiças. Para tanto, entendemos que a luta das lésbicas, gays, bissexuais e pessoas tans* é tão importante quanto quaisquer outras para a construção de uma sociedade em que sejamos “socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”, como também desejava Rosa Luxemburgo. Socialismo e liberdade é o que queremos!

*Nabylla Fiori é militante do Núcleo LGBT do PSOL-Curitiba.