indigenasparanaNo próximo fim de semana, estarei na região Oeste do Paraná, mais precisamente em Marechal Cândido Rondon, para o lançamento da candidatura de Maicon Palagano a vice-governador pelo PSOL e para o lançamento de Luciano como candidato a deputado estadual. Além do lançamento, aproveitaremos a viagem para visitas a imprensa e também para conhecer a aldeia Tekohá Y’ouvy em Guaíra.

A visita a esta aldeia será, certamente, o ponto alto de nossa viagem. No dia 31 de maio, o PSOL realizou o seminário de programa de governo temático sobre a questão indígena na região e a presença de vários indígenas já foi bastante emocionante. Foi nosso primeiro contato com aqueles que iremos visitar no próximo domingo. A presença dos indígenas no seminário do partido, ajudando a construir nosso programa de governo, foi fruto de uma militância de anos do PSOL na região, especialmente a partir do diretório municipal de Marechal C. Rondon.

Nossa viagem acontecerá em que esta temática volta a tona do debate político em nosso estado. Ontem, 14 de julho, os deputados estaduais presentes na sessão da Assembleia Legislativa (ALEP) fizeram discursos e considerações sobre o que consideram “terrorismo da FUNAI”. Os discursos foram incentivados por conta de uma portaria da Fundação Nacional do Indio (FUNAI)  demarcando 3 mil hectares de terra indígena Herarekâ Xetá, no município de Ivaté.

O primeiro a reclamar foi o deputado Fernando Scanavaca (PDT), que lembrou que, quando Gleisi era ministra da Casa Civil, ela havia se comprometido a suspender qualquer demarcação de terra. Scanavaca, dono de fazendas na região de Umuarama, é de um dos partidos que apoia Gleisi ao governo do estado, estando coligado com o PT também nas eleições proporcionais (ou seja, quem votar em alguém do PT vai ajudar Scanavaca a se eleger e vice-versa).

Pelo lado dos aliados de Beto Richa, falaram Elio Rusch (DEM) e Valdir Rossoni (PSDB). Rusch bateu na velha tecla do “terrorismo da FUNAI” e Rossoni se superou: afirmou que há treinamento de índios no Paraguai para virem invadir terras no Brasil. Sem dizer aonde, pago por quem, com quais interesses. Apenas fez esta absurda acusação!

As afirmações dos “ilustres deputados” mostram o quão atrasado está este debate em nosso estado. Mais uma vez, as elites políticas constroem um discurso que nega a existência de indígenas e outros povos tradicionais no Paraná, fazendo parecer que nada havia aqui antes da chegada dos colonizadores europeus. Por outro lado, mostra que a FUNAI, mesmo sem recursos, mantém sua autonomia, fazendo aquilo para a qual foi criada (é por isso que s deputados ruralistas querem exterminar com ela, com a PEC 215, relatada, por sinal, por um deputado do PMDB de Requião).

O PSOL tem compromisso com a causa indígena. No Congresso Nacional, somos contra a PEC 215 e estamos junto com os indígenas para tentar barrar este absurdo. Nesta campanha, vamos trazer este debate a tona, mostrando a situação em que se encontram os indígenas paranaenses. Vamos sensibilizar a maior parte da sociedade para esta pauta, mostrando que só os latifundiários tem interesse em combater e exterminar os índios. Mostraremos, ainda, que Gleisi, Requião e Beto Richa não estão comprometidos com essa pauta.