araupelNa última quinta-feira, mais de 3.000 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam a fazenda Rio das Cobras, da empresa Araupel, entre as cidades de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, na região Oeste do Paraná. A área ocupada está localizada ao lado de outras duas áreas que, após muitos anos de lutas, foram transformadas nos assentamentos “Celso Furtado” e “1º de Maio”

A fazenda Rio das Cobras é alvo de uma ação do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que questiona a origem da posse da terra. Nos assentamentos já conquistados na área, a emissão de posse de ambas as áreas concedida pelo juiz responsável da Comarca de Cascavel foi dada sem que a empresa fosse indenizada, já que se apropriava ilegalmente da área.

Além do questionamento jurídico sobre a posse da fazenda, é preciso registrar que a terra, de alta qualidade, é utilizada apenas para produção de madeira destinada a exportação. É, portanto, uma área que não cumpre sua função social.

Para tentar deslegitimar a ocupação, a Araupel, associada com políticos locais, vem fazendo uma campanha de terrorismo, ameaçando demitir 1000 trabalhadores por conta da ocupação. Repudiamos essa tentativa e entendemos que esses trabalhadores não são culpados por serem contratados por uma empresa que tem áreas irregulares; quem deve ser punida, portanto, é a Araupel.

A experiência em outras área de assentamento no Paraná mostra que a reforma agrária favorece o desenvolvimento regional, gerando empregos, especialmente no comércio, e evitando o inchaço das grandes cidades. Além disso, a reforma agrária fortalece a produção de alimentos para imediato consumo. O exemplo de cidades como Palmital e Querência do Norte mostra que a afirmação de que o “fim da Araupel” vai arruinar a cidade de Quedas de Iguaçu é absolutamente falsa.

O PSOL não nega suas bandeiras, não recua nas lutas e não tem medo do poder. Apoiamos a ocupação da fazenda Rio das Cobras. Sabemos que, apesar dos diversos indícios jurídicos e possibilidades de ação pela via judicial, foi a pressão do MST que fez andar a reforma agrária no Paraná e em todo Brasil. Um governo estadual comprometido com a diminuição das desigualdades sociais deve atuar, neste caso, evitando a violência, garantindo o livre direito a manifestação e atuando com as autoridades locais para que os atuais trabalhadores da Araupel não sejam prejudicados.

Visita

Nesta sexta-feira, estivemos em Quedas do Iguaçu para prestar solidariedade in loco a ocupação. Infelizmente, não conseguimos entrar na área, por conta de uma barreira formada por policiais e seguranças particulares fortemente armados montada logo na entrada da área da Araupel.

Apesar de não termos conseguido entrar, nossa visita serviu para vermos o mega aparato de segurança mobilizado pelo governo do estado, incluindo viaturas do Batalhão de Polícia da Fronteira. A presença desse aparato está servindo para aumentar o clima de tensão na região.

Neste domingo, 20 de julho, tentaremos novamente visitar a área ocupada, dessa vez por um outro caminho. A reforma agrária é uma luta de todos e todas!