Fonte: Vanguarda Política

O termo “floodar” é usado quase exclusivamente nas redes sociais. Por lá, significa o envio de muitas mensagens com o objetivo de lotar, de encher, de inviabilizar um debate. Mas talvez tenha chegado a hora de usarmos esta expressão na política. É o que indicam alguns fatos e propostas trazidos nos últimos dias.

Na Assembleia Legislativa do Paraná (aquela, da bancada do camburão), os deputados que apoiam o governo tucano de Beto Richa aprovaram a criação, de um dia para o outro, de 5 CPIs para evitar que uma investigação sobre os recentes escândalos da Receita Estadual possa acontecer (pelo regimento da ALEP, só 5 CPI’s podem funcionar simultaneamente).

Foram criadas CPI’s sobre temas que já estavam fora de pauta ou que poderiam ter sido propostas em outros momentos. Não quero aqui desvalorizar os temas das CPI’s que vão acontecer. Mas o caso trata-se de uma clara tentativa de evitar qualquer desgaste do governo estadual.

Vale ainda registro que esse método não é novo e já tinha acontecido em outros governos aqui do Paraná.

Mas a ideia de “floodar” os debates políticos não é só local, infelizmente. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), anunciou que um dos únicos “pontos consensuais” da reforma política é a unificação das eleições.

Consultando alguns líderes de bancada (como Chico Alencar, do PSOL), percebemos que esse ponto não é consensual e que Cunha está, mais uma vez, fazendo bravatas.

Mesmo assim, a proposta tem força, com o argumento de que haverá bareteamento do processo.

Infelizmente, mais uma vez, o poder econômico quer pautar o debate político. Ao invés de avançarmos para o fim do financiamento empresarial e para a limitação de doações por pessoas físicas (proposta defendida pela CNBB e OAB), a ideia de Cunha mantém essa questão como temos hoje.

E, além de não mexer no fundamental, a unificação das eleições tornaria nosso processo caótico. Seria o debate “de tudo” e, ao mesmo tempo, o debate de nada. Inviabilizaria, por exemplo, o debate das questões relacionadas às cidades.

Se, atualmente, já temos uma ausência de debates e um excesso de “bandeirantes” nos processos eleitorais, com todas as eleições ao mesmo tempo essa situação só irá piorar.

Nas duas situações, o que parece é que os parlamentares percebem que não é mais possível evitar a realização de debates e discussões acerca das políticas e posturas adotadas pelos distintos governos. Por isso, para fazer com que os debates não acontecem realmente, o jeito é bagunçar tudo.