eleicoesPor Luiz Belmiro*

Atualmente podemos encontrar até mesmo entre as pessoas identificadas com a esquerda a desesperança e a recusa em participar da política. Todo mundo reconhece que o parlamento brasileiro, seja federal ou estadual, é ocupado por conservadores e nomes envolvidos em vários casos de corrupção. A revolta é visível, e muitos se recusam a participar da política, se sentindo constrangidos em legitimar o jogo sujo praticado pelos partidos no poder.

Mas enquanto isso, os setores que apoiam e sustentam os nomes que jogaram a política nacional na lama não tem nenhum constrangimento em apoiar financeiramente, mobilizar pessoas, e declarar voto em seus candidatos, que vão continuar defendendo os seus interesses no parlamento.

Precisamos entender que a disputa eleitoral apesar dos seus limites se faz necessária, ainda mais quando direitos básicos são ameaçados por propostas como o “Escola Sem Partido”, e as anunciadas reformas trabalhista e da previdência.

Toda vez que nos negamos a participar abrimos espaço para que os nomes de sempre permaneçam no poder, e avancem cada vez mais sobre os direitos trabalhistas, sociais e até mesmo, humanos. Um vereador não vai fazer a revolução socialista, mas pode enfrentar o conservadorismo e combater a corrupção no espaço do parlamento, lutas que devemos reconhecer que também são necessárias. Precisamos de pessoas comprometidas a abrir espaço para movimentos sociais e sindicatos combativos, que apresentem as demandas que possam avançar no sentido de uma vida melhor para todos em nossa cidade.

Pode ser bem simples o apoio a um candidato de esquerda nas eleições municipais, e vai representar muito. Reunir uma noite um grupo de amigos em casa para distribuir material e ouvir as propostas, usar adesivos dos candidatos que apoia, compartilhar conteúdo nas redes sociais (Facebook, Whatsapp, Telegram, Instagram) para ajudar a divulgar uma ideia ou uma proposta, etc.

Eu já escolhi os candidatos que acredito que podem combater o bom combate em Curitiba, Xênia Mello e Bernardo Pilotto, pois eles não representam apenas os seus nomes, mas toda uma história dos movimentos sociais em nossa cidade. Representam a resistência ao avanço da pauta conservadora e neoliberal que se revela uma ameaça iminente em nossos dias.

Se nós não temos os mesmos recursos financeiros dos nossos adversários vamos fazer tudo que está ao nosso alcance, pois está na hora de nós também entrarmos na luta.

Nossa omissão pode significar o avanço de nomes comprometidos não apenas com os interesses do grande capital, mas inclusive com o autoritarismo, o preconceito e o ódio que temos visto ocupar cada vez mais espaço na vida pública.

*Luiz Belmiro é professor do IFPR e diretor da Seção Sindical do SINASEFE/IFPR.