A música de Chico Buarque, que tem sua versão mais conhecida na voz de Maria Bethânia, que já embalou tantas e tantas chapas de DCE e sindicatos, está cada mais vez necessitando de uma atualização.
Nos últimos anos, vivemos no Brasil uma escalada de punições a diversos ativistas dos movimentos sociais. Quem faz greve tem seu salário descontado, quem lidera greve é demitido, quem ocupa terra é preso, manifestação de rua virou “assunto de trânsito”, sem-terra assassinado quase nem é mais notícia… Depois de alguns anos de avanços nas lutas e mobilizações sociais, em que vários direitos foram conquistados, estamos num momento do chamado “refluxo”, quando a hegemonia ideológica tem a sido a da individualidade e não da coletividade.
Essa escalada repressiva convive ao lado de uma permissividade em relação a políticos corruptos, banqueiros que arruinaram economias inteiras, fraudadores de balanços de grandes empresas, crimes homofóbicos, entre outras barbaridades que mereciam ser de fato punidas. É, portanto, uma repressão seletiva, contra o lado mais fraco (e mais pobre) da sociedade.
Neste exato momento, vivemos mais um processo que parece ser o auge dessa escalada repressiva: o Ministério Público de São Paulo denunciou à Justiça 72 estudantes da USP por formação de quadrilha. O indiciamento decorre de uma ocupação feita pelos estudantes na Reitoria da USP, quando lutavam pela democratização da universidade.
O que move o MP não é a vontade de salvaguardar o patrimônio público ou coisa que o valha. O que move o MP é a intenção de dar um “corretivo”, de mostrar que é o melhor estudante é aquele que fica em casa assistindo TV do que aquele que luta coletivamente por seus direitos. É quase como os antigos enforcamentos em praça pública, que tinham a intenção de “dar o exemplo”.
Diante desta situação, o DCE da USP lançou uma campanha contra este absurdo. Serão várias atividades mostrando que o mérito da luta dos estudantes estava (e está) correto: a USP precisa ser democratizada. Você pode manifestar seu apoio participando das atividades e assinando um abaixo-assinado online clicando aqui.
