Mobilização dos Bombeiros no RJ chamou a atenção do problema.

Mobilização dos Bombeiros no RJ chamou a atenção do problema.

Em recentes pesquisas de opinião, o serviço dos Bombeiros foi apontado pela população brasileira como o mais confiável dos serviços públicos. Em pesquisa do IBOPE de janeiro de 2013, 88% dos paulistanos (moradores da cidade de São Paulo) afirmaram confiar no Corpo de Bombeiros. Mas essa confiança quase unânime nesta instituição não deve omitir um debate crítico sobre o funcionamento dos Bombeiros e a situação dos seus trabalhadores.

Os Bombeiros são instituições vinculadas aos governos estaduais e em vários estados brasileiros são subordinadas ao comando das Polícias Militares. Tem, portanto, uma formação semelhante às de policiais militares, mesmo executando funções distintas.

Atualmente estamos vendo uma campanha pela desmilitarização da polícia no Brasil (que segue recomendação até da ONU – Organização das Nações Unidas), que tem ganho peso especialmente após os acontecimentos de junho de 2013. O que dizer então da militarização dos bombeiros? É algo ainda mais absurdo!

Além de militarizados, os bombeiros são um dos poucos segmentos de trabalhadores no Brasil que não tem direito a jornada de trabalho de 44 horas semanais. No Paraná, os bombeiros fazem escalas de 24h x 48h, totalizando 10 plantões de 24h por mês (240h/mês), chegando a uma jornada de cerca de 60h semanais. Como comparativo, um trabalhador com jornada de 44h semanais totaliza, em média, uma jornada de 200h por mês.

Além disso, pelo fato de ser uma instituição militar, os trabalhadores devem se apresentar 15 minutos antes do horário, para as formalidades de apresentação. No fim do expediente o mesmo procedimento acontece. Ao fim de um mês, esse “pequeno tempo” chega a somar entre 3 e 5 horas. Outros direitos negados são as horas-extras e questões relativas a periculosidade.

Para que esta continue sendo uma instituição confiável, é necessária a democratização dos Bombeiros. É nosso dever apoiar as reivindicações dos praças, por melhores salários (a favor da PEC 300/08), pelo direito a sindicalização, pela desmilitarização da instituição e pela redução da jornada de trabalho.