nova_imagem1No dia 30 de julho, encontraram-se em Brasília duas pessoas bastante influentes da política do Paraná. Estavam no encontro Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata a governadora pelo PT, e Pepe Richa, secretário de Infraestrutura e Logística do Estado do Paraná e irmão do governador Beto Richa (PSDB), além de outros assessores. 

Para além de um encontro institucional entre duas esferas de governo, ambos trocaram afagos acerca das medidas políticas dos seus respectivos governos. Na pauta, estava a recente medida do governo federal que visa facilitar a privatização de rodovias pelo modelo de concessão. Acuado por uma CPI dos Pedágios, essa medida vem bastante a calhar para o governo de Richa, visto que coloca em contradição o principal partido de “oposição”* na Assembleia Legislativa.

O encontro de Gleisi e Pepe Richa simboliza a mesmice em que se encontra a política paranaense, polarizada por dois blocos cada dia mais parecidos. Com sua atuação como ministra da Casa Civil, a senadora licenciada Gleisi tem se destacado por liderar posturas conservadoras do governo federal, como a MP dos Portos (que acentuou a privatização do setor), a internação compulsória e o ataque às terras indígenas. No governo do Estado, Beto Richa não propõe políticas alternativas às implementadas por Gleisi; ao contrário, é um aliado dessas políticas.

Neste cenário, é fundamental que a esquerda paranaense apresente uma candidatura para o governo do Estado que apresente uma alternativa real à mesmice da política paranaense. Essa candidatura tem a possibilidade histórica de se apresentar em alternativa aos blocos mais tradicionais das oligarquias paranaenses, que sempre estiveram representados nos governos estaduais do Paraná.

Uma alternativa política com este objetivo precisa estar antenada com os movimentos sociais, especialmente aqueles que estavam nas ruas no mês de junho, que em sua maioria exigiram mais e melhores serviços públicos e questionaram o atual modus operandi da política.

Para isso, é preciso construir uma ampla análise sobre o Paraná, desmistificando a ideia de um Estado moderno, europeu, branco, livre da pobreza e da desigualdade. Uma alternativa precisa mostrar a verdadeira história política do Estado, mostrando as lutas sociais que aqui ocorreram, a grande oligarquização da política paranaense, a existência de povos indígenas, quilombolas e singulares e a atual precária situação das políticas públicas, com as áreas de saúde, cultura e educação cada dia mais privatizadas.

*As aspas são necessárias visto que nem sempre os deputados do PT tem posturas de oposição, como na recente votação do novo conselheiro para o Tribunal de Contas. Essa postura da maior parte da bancada petista contrasta com a posição de muitos militantes de base, que atuam cotidianamente em oposição às medidas privatizantes de Richa.