Assembleia de greve lotada em Araucária
Como já escrevemos aqui, os últimos meses mostraram uma disposição de ir à luta bastante grande por parte dos trabalhadores do serviço público municipal de Araucária e São José dos Pinhais. Em ambas as cidades, os trabalhadores se uniram e, juntamente com os sindicatos (SISMMAR, SIFAR e SINSEP), foram pras ruas reivindicar melhores salários, condições de trabalho e respeito ao serviço público.
Em Araucária, a luta se acentuou nos últimos 10 dias, com uma incrível greve geral, com mobilizações diárias em frente a prefeitura municipal, onde os grevistas estão acampados já faz uma semana.
As duas mobilizações trazem consigo bastante semelhanças e mostram as possibilidades de construção um movimento sindical combativo, atuante e construído a partir do diálogo cotidiano com a base da categoria. Alguns aspectos que valem a pena serem ressaltados:
1) Cidade rica e desigualdade social:
São José dos Pinhais e Araucária são municípios com alta arrecadação de impostos e produção industrial, superando grandes cidades como Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel. As duas cidades da região metropolitana “disputam” o título de “segunda maior arrecadação do estado”.
Mas essa alta arrecadação não tem trazido melhorias concretas para a população. A proposta de terceirização de serviços públicos em São José dos Pinhais o arrocho salarial em Araucária são inaceitáveis, ainda mais em cidades que se orgulham de terem grande arrecadação de impostos.
Neste caso, uma pergunta é óbvia: para onde vai todo esse dinheiro?
2) A falta de oposição nas Câmaras de Vereadores:
Em Araucária, a prefeitura é formada por uma aliança entre PMDB, PT e diversos outros partidos, que acabam por ter amplíssima maioria na Câmara de Vereadores. A oposição é apenas formal e por setores políticos que foram alijados do aparato de governo. Num momento de greve, esses setores se unem a prefeito e se colocam contrários ao movimento paredista.
Em São José dos Pinhais, a prefeitura é formada por uma aliança conservadora clássica, liderada pelo DEM. Dos 21 vereadores, 3 são do PT, que teoricamente se coloca em oposição a prefeitura. Mas, aparentemente amaciados por terem ficado 4 anos na bancada de apoio ao antigo prefeito (Ivan Rodrigues, eleito pelo PTB, que depois migrou para o PSD), esses vereadores desaprenderam a fazer uma oposição aguerrida e combativa.
Em ambas as cidades, a oposição ao prefeito se dá quase que exclusivamente na luta dos movimentos sindicais e sociais. Nos dois casos, é urgente a construção de alternativas políticas que potencializem a dura luta já realizada nestes municípios.
3) Se há construção na base, o movimento acontece:
Outro aspecto que unifica as duas mobilizações é a construção sindical do SIFAR, SISMMAR e SINSEP. Apesar dos membros dessas entidades mal se conhecerem, a construção delas carrega muitas semelhanças. Nas duas cidades, os protagonistas dos sindicatos são jovens, sem uma “grande história” a frente do movimento sindical. A possível falta de experiência foi superada pela vontade de construir o movimento.
Outro ponto importante é que os três sindicatos focaram sua construção naquilo que importa: a discussão das pautas das categorias, sem o aparelhamento tão comum em sindicatos, que são usados como correia de transmissão das posições de correntes políticas-sindicais. Isso não significa que os 3 sindicatos só tenham pautas corporativas; muito pelo contrário, essa forma de construção possibilitou uma aproximação maior com os trabalhadores, que veem os sindicatos como entidades suas.
Essas lutas merecem nosso apoio
Além dos motivos colocados acima, as lutas de Araucária e São José dos Pinhais tem pautas muito justas, que giram em torno da valorização do serviço público de qualidade. Apesar disso, as prefeituras se mostram intransigentes mediante as reivindicações dos trabalhadores.
É preciso aumentar o apoio que estas lutas já vem recebendo, do ASSIBGE-SN, do Sindypsi-PR, da Intersindical, do SISMMAC e do SIQUIM. É hora de mostrar que os trabalhadores não estão isolados e que a luta de Araucária e S. José dos Pinhais é de todos nós!
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