scpNa última segunda-feira, 30 de setembro, aconteceu um importante evento em Curitiba, que não contou com a presença da grande mídia ou com um grande “oba-oba”: a 100ª roda do Samba do Compositor Paranaense, projeto que reúne, desde 2009, músicos e sambistas que apresentam seus sambas autorais.

Ouço falar deste projeto desde que começou, mas nunca tinha conseguido comparecer com frequência, pelos motivos mais diversos. Nos últimos meses, tenho estado presente e posso afirmar com tranquilidade: quem vai quer voltar. Só comparecendo é possível entender o clima de alegria e companheirismo que está presente na roda, contagiando a todos os presentes.

Além da alegria, a qualidade das composições chama a atenção. Muitas delas são também executadas nas rodas do Samba do Sindicatis e do Samba da Tradição e muitos pensam que tais músicas são de sambistas conhecidos, como Ismael Silva, Candeia, Monarco, etc. A música feita no projeto não está nem um pouco abaixo do que é produzido nos grandes centros do país.

O Samba do Compositor Paranaense (SCP) surgiu da necessidade de organizar um espaço para apresentação das músicas autorais, fugindo da ideia do “cada um por si”. Se em São Paulo acontece o Samba da Vela, porque em Curitiba não poderia acontecer algo semelhante? Mais que isso, as 100 rodas do SCP fizeram surgir novos compositores, novas parcerias, novos modos e estilos.

No primeiro ano, em 2010, um projeto aprovado nas leis de incentivo a cultura garantiram a gravação de um CD. Naquela época, as rodas do SCP eram realizadas na CASLA e no Clube 13 de Maio. Em 2011, elas ainda passaram pelo Centro Cultural da Boqueirão até chegarem ao local em que ficaram até hoje, no Canal da Música.

Nem tudo foram flores nesta caminhada: muitas vezes os organizadores se viram sozinhos e algumas rodas tiveram que ser canceladas. Foi a certeza de que estavam no caminho certo que fez persistirem e a chegada da 100ª roda deve ser motivo de orgulho para todos e todas.

A partir da 101ª roda, novos desafios estão colocados: a ampliação da roda para mais cidades do estado, a gravação e apresentação dos mais de 400 sambas já executados no SCP, a maior divulgação e organização das rodas. Além disso, já chegou a hora dos órgãos públicos, universidades, secretarias de cultura reconhecerem e darem valor ao projeto.

E, se você nunca foi ou está conhecendo o projeto a partir deste texto, não se envergonhe: na próxima segunda-feira vá ao Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695 – Curitiba), a partir das 20h30 e aprecie a nova safra de compositores de samba do Paraná. Se você também compõe, chegue um pouco antes e leve pelo menos 15 cópias do samba.