Nos últimos dias, tem ganhado força, via Facebook e outras redes sociais, um “movimento” de “limpeza” das cidades que incentiva que a população quebre, pixe e/ou roube cavaletes de candidatos a prefeito e/ou vereador. Além das redes sociais, há sites que incentivam a quebradeira. Esse “movimento” encontra eco especialmente entre universitários e entre moradores do centro da cidade e bairros próximos (quem circula pelas regiões mais periféricas da cidade de Curitiba, não encontra um cavalete quebrado).
Aparentemente com um caráter libertário, o movimento mostra também um caráter profundamente conservador, anti-político e liberal. Ao invés de criticar as regras eleitorais como um todo, o que demandaria mais força e organização, a ação de “vandalizar” cavaletes apenas combate a consequência e não a causa. É fato que os cavaletes emporcalham a cidade e que muitos deles estão em locais proibidos: encostados em postes, em cima de jardins, entre outros. Porém, essa é uma das poucas formas de fazer propaganda eleitoral permitida pelo TRE, e é isso que faz com o que os cavaletes infestem a cidade.
No caso do PSOL, fazer propaganda para além do horário eleitoral é fundamental. Temos apenas 1min22s de tempo no horário eleitoral para os candidatos a prefeito; o atual prefeito Luciano Ducci, por exemplo, tem mais de 10 minutos. No meu caso, que sou candidato a vereador, é ainda mais importante: terei apenas três programas de 15s na TV durante todo o período de propaganda eleitoral gratuita. Considerando que a legislação já proíbe a panfletagem em locais de trabalho, como fazer para que minha candidatura seja conhecida, ao menos pelos mais de 3.000 colegas de trabalho da UFPR? Uma das formas encontradas é o cavalete.
Em nossa campanha, os cavaletes são colocados na rua pela militância, que se compromete a “adotar” o material, colocando e recolhendo todos os dias. Diferente das grandes campanhas de Ratinho, Ducci, Fruet e Greca, os cavaletes quebrados não são recolocados “automaticamente”, num piscar de olhos. Percebemos então que a quebradeira de cavaletes só favorece àqueles que deveriam ser justamente o alvo: as grandes campanhas, que gastam milhões para os três meses de campanha eleitoral (e depois dizem que não tem dinheiro para a saúde e a educação), e que conseguem recolocar os cavaletes rapidamente. Uma ação que se diz libertária e contrária a “política” acaba por favorecer justamente os partidos que defendem o atual modelo de democracia do Brasil.
Mais lamentável ainda é que muitos daqueles que reclamam da eleição e da “política”, não fazem uma militânciazinha mínima sequer além de reclamar da eleição e da “política” durante o período eleitoral. Afirmam que a eleição não muda a realidade mas também não se movimentam para além do processo eleitoral, reforçando a crítica que fazem “aos outros” mas que deviam fazer a si mesmos.
Além disso, o argumento para ser contrário aos cavaletes e a barraquinhas na rua XV é o mesmo utilizado pela Prefeitura e pelos setores conservadores da cidade para banir o pré-carnaval no Largo, as rodas de samba, para impedir os jovens de entrarem num Shopping Center, etc.
Nós somos pela ocupação da cidade. Queremos uma cidade viva, com eventos culturais, música, debate político. Chega de viver numa cidade que oprime aqueles que não querem viver no padrão “europeu-modelo” daqueles que se apossaram do poder político da cidade e que pensam que representam a totalidade do seu pensamento. Pela igualdade, vamos tomar conta da cidade!
so corrigindo uma informacao,o candidato do PMDB nao tem um cavalete sequer espalhado pela cidade,dos 4 principais candidatos o rafael greca e que menos tem gastado nessa campanha. é isso.
Eu sou a favor dessa mobilização anti-placas, mas no caso de São Paulo. Aqui os comerciantes são proibidos de “poluir visualmente” ruas e calçamentos e mesmo as fachadas tiveram de ser refeitas quando o Sr. Prefeito Kassab conseguiu implantar essa lei. Então parece-me injusto que justamente os políticos que quiseram e discursaram pela limpeza visual atrapalhem as calçadas, coloquem 20 cavaletes seguidos na mesma avenida (sim eu contei), cubram botões de semáforo com cartazes de corpo, tenham cavaletes que voam e acertam transeuntes e outros incômodos mais. Existem os dois lados nessa história, aqui em São Paulo, estou com os vândalos citados no texto. Nas outras cidades eu não tenho informação para julgar ou questionar. Quanto ao tipo de propaganda, revejam quem faz as campanhas, porque cavalete não é, nem nunca será a melhor forma de ser visto. O facebook, os espaços universitários, os blogs estão aí e a propaganda boca-a-boca ainda é a mais forte. Revejam seus conceitos, quem sabe os vândalos não reveem também?