“Ei cara, você pode distribuir estes papéis aqui na passeata? Acabei de chegar, mas ainda deu tempo”. Estávamos descendo a Dr. Muricy, na altura da rua XV, quando fui interpelado por um jovem (naquele momento um “manifestante”) oferecendo uma pilha de folhas, com diversas frases impressas, como “o Brasil acordou”, “Não é por 20 centavos”, entre outras. Esse momento, para mim, é bastante simbólico sobre o ato que tivemos ontem em Curitiba: mostra um movimento amplo e renovado.
Foi isso que vi durante as quase 3 horas de protesto, que caminhou da Boca Maldita até o Palácio Iguaçu e que aglutinou, certamente, mais de 1000 pessoas, a maioria jovens. Embalados pelo movimento que tomou as ruas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre, a passeata seguiu com um entusiasmo incrível; parecia que nunca ia ter fim!
Há muito tempo que não acontecia em Curitiba uma passeata, com uma pauta tão geral, como a redução do preço da passagem de ônibus, com tanta gente. Foi animador participar deste movimento e ver que, definitivamente, a história não acabou. Em muitos momentos, ficou claro que o problema não é o aumento de “apenas” 20 centavos (ou, no caso de Curitiba, 25 centavos).
Esta era também a segunda manifestação do dia na cidade. Pela manhã, a Frente de Movimentos Resistência Urbana havia organizado uma passeata contra os crimes da Copa do Mundo, composta basicamente por sem-teto da Ocupação Nova Primavera e do MPM (Movimento Popular por Moradia).
Em comum, um mesmo sentimento: o Brasil real é diferente do Brasil da TV, do Brasil da propaganda. E o jeito de mudar isso é indo para as ruas, protestando, se organizando. É evidente que existem contradições no movimento, mas nada nasce pronto.
Na segunda-feira tem mais, a partir das 18h. Em breve mais informações!