Na última segunda-feira, 08 de setembro, recebemos, através de nossa fan page no Facebook, pedido de posicionamento de nossa campanha acerca do Parque Estadual do Monge. Após um estudo acerca do tema, segue uma posição preliminar acerca do tema:

Em primeiro lugar, gostaríamos de saudar a organização da fan page do Parque Estadual do Monge e a todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente na mobilização por melhorias em mais uma das unidades de conservação do nosso estado. É importante lembrar que temos várias outras unidades de conservação pelo Paraná que tem vivido processos de luta, como o Parque Estadual da Mata dos Godoy em Londrina, que inclusive, recentemente, foi ameaçado pela construção de um complexo denominado Arco Norte, que prevê o estabelecimento de um aeroporto ao lado da Mata, invadindo até mesmo a sua Zona de Amortecimento. Esse projeto ainda só não foi implantado graças à resistência e à organização coletiva de movimentos sociais, pesquisadores e sociedade civil organizada.

Outra unidade importante que tem sido debatida, principalmente em períodos eleitorais (visto que infelizmente muitos candidatos veem esse tema como forma de angariar votos na região), é o Parque Nacional do Iguaçu, pois há um projeto de reabertura da antiga Estrada do Colono. A proposta prevê a construção de uma “Estrada-Parque”, conceito que sequer existe no sistema brasileiro (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Se aprovado o Projeto de Lei  teremos sérios impactos ambientais e sociais, pois irá se fragmentar um dos mais importantes contínuos biológicos da América do Sul, devastando cerca de 170 mil metros quadrados de Mata Atlântica, numa região que demorou dez anos para se recuperar. Além disso, impactará diretamente a vida da população local, visto que aumenta o risco de acidentes provocados pela livre circulação de grandes mamíferos, como a onça pintada, que habita toda a área do parque, além do assoreamento dos cursos d’água, causado pelo uso da estrada. Além disso, abre-se precedente para instalar estradas também em outros parques, principalmente em regiões de interesse econômico.

Em segundo lugar, queremos agradecer a oportunidade pelo espaço de debate e apresentação de propostas para o Parque Estadual do Monge, e desde já, contamos com a participação de todas as pessoas para enriquecerem essa discussão, pois não achamos que temos a solução completa do problema. As dificuldades do Parque só serão totalmente resolvidas se a população também se organizar e exigir as melhorias que o Parque merece.

Como deve ser de conhecimento da maioria, o Parque Estadual do Monge é uma importante possibilidade de lazer não somente para os lapeanos, mas também para outras cidades, pois recebe muitos turistas e grupos religiosos há anos. O Parque cumpre então, um papel essencial pois é uma das únicas oportunidades de lazer, e ainda guarda em si um histórico cultural muito rico. Então, considerando esses elementos, para garantir melhorias concretas no Parque, propomos:

– A revitalização precisa de uma especial atenção quanto aos resíduos das lanchonetes e banheiros, com as fossas sépticas adequadas instaladas e em um local que evite a contaminação do lençol freático. Acreditamos que as lanchonetes e quaisquer construções semelhantes precisam ser construídas fora da área do parque, já que a área é uma UC de Proteção Integral, e portanto, não deveria contemplar construções como comércio, estacionamento, churrasqueiras, etc. Caso não seja possível uma área fora do Parque, que o local escolhido possua o mínimo possível de impactos negativos.

– É imprescindível um controle dos visitantes com guaritas e funcionários públicos contratados, tanto para prestar informações turísticas quanto para a proteção e o acompanhamento pelo parque. É necessário um perfil mais refinado do tipo de frequentador, para conhecer o público do parque e desenvolver políticas mais direcionadas. A existência de pesquisadores na área favorece o desenvolvimento de projetos, e crianças e adolescentes podem ser foco de uma educação ambiental específica, etc.

– Pelo histórico da revitalização do Parque, em 2010 um montante de 3,5 milhões foi arrecadado com o corte de eucalipto e pinus, mas esse dinheiro não foi, em sua totalidade, reinvestido no Parque do Monge. Uma auditoria de quais foram os fins dessa verba é essencial.

– Garantir condições adequadas para o desenvolvimento das atividades esportivas e de lazer como a escalada, montanhismo e vôo livre.

– Controle e manejo de espécies invasoras como o Pinus e o Eucalipto, para evitar a redução da biodiversidade local. Para isso, achamos que é importante seguir alguns passos:

1- Caracterização das populações das espécies: coletar dados morfológicos (como área da copa, altura e diâmetro à altura do peito, e idade) e a partir disso, verificar a presença ou ausência de um padrão de distribuição espacial como base para indicar os ambientes mais ou menos suscetíveis a invasão. Esse parâmetro auxilia no controle e no manejo mais eficiente das espécies invasoras.

2- Avaliar o melhor método para retirada das espécies, que podem ser através de: corte raso e extração das gêmulas e galhos abaixo desse corte raso; em caso de árvores de maior porte, avaliar a necessidade ou não de corte com motosserra; arrancar plântulas e plantas jovens com raiz; organizar a extração do banco de sementes a médio e longo prazo para evitar a rebrota e gasto de recursos desnecessários.

3- Desenvolver um reflorestamento com espécies nativas que reúnam características adequadas ao seu bom estabelecimento.

Avaliamos que estas são as propostas principais para regularizar as atividades do Parque com um cronograma de trabalho que de fato funcione no menor tempo possível. Já faz mais de 5 anos que essa situação está atrasada e nos comprometemos a acompanhar com a atenção necessária a resolução deste problema.