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Zeca-Pagodinho1Historicamente, a música tem refletido as formas de organização da sociedade brasileira. Foi assim com a crônica social transformada em samba na primeira metade do século XX, com as músicas de protesto durante o período da ditadura civil-militar (1964-1985), com o Rock Brasil da abertura política, com o pagode dos anos 1990.

Nos últimos anos, muito tem se falado acerca do desenvolvimento de uma nova classe média no Brasil, a chamada “Classe C”*. Essa novo setor social se caracteriza pela expansão no seu padrão de consumo, ainda que sempre a partir de longos financiamentos bancários. Que tipo de música ou quais músicas poderiam retratar este período?

Para além do “funk ostentação”, gênero que aparentemente surgiu com essa nova fase da economia brasileira, gostaria de analisar algumas músicas de Zeca Pagodinho, cantor que já fazia sucesso muito antes dos governos do PT. Neste caso, poderíamos verificar a influência do período de maneira mais clara.

Com mais de 30 anos de carreira, o sambista Zeca Pagodinho protagonizou mais de uma dezena de grandes sucessos, como “Deixa a Vida Me Levar”, “Verdade”, “Caviar”, “Vacilão”, entre outros. Ao longo desses anos, Zeca lançou quase um disco/cd por ano e vários atingiram marcas de vendagem que mereceram prêmios. Nesses discos, Zeca segue uma mesma lógica, tendo sempre algumas músicas românticas, algumas músicas-crônicas e regravações de músicas de compositores da Velha Guarda da Portela.

E são essas músicas-crônicas que merecem nossa análise. Para tal, vamos usar músicas de um disco de 2002 (“Deixa a Vida me Levar” ) e de 2008 (“Uma Prova de Amor”). O primeiro é anterior a eleição de Lula e o segundo é no segundo mandato do PT na presidência.

No álbum de 2002, duas músicas chamam atenção: “Tá Ruim, Mas Tá Bom” e grande sucesso “Caviar“. Na primeira, Zeca Pagodinho relata uma vida difícil, de alguém que está devendo, entre outras coisas, o aluguel, o “homem do Gás”, “R$17,50 de leite e pão” e até mesmo uma vela de 7 dias. Em “Caviar”, o relato é sobre uma comida que ninguém come, mas que só ouve falar.

Já, em 2008, a situação muda, ainda que a dependência do financiamento se mantenha. É o que apontam as músicas “Normas da Casa” e “Que Alegria“. A primeira é o relato da vida de um familiar que teve uma ascensão social e agora tem que conviver com constantes visita em sua casa e com problemas decorrentes disso, como a “piscina amarelada”. Se, em 2002, o caviar era algo que só se ouvia falar, em 2008 a festa é numa mansão. Já em “Que Alegria”, Zeca Pagodinho relata a vida de um casal que reformou a casa e comprou “TV, geladeira, fogão e mobiliou quarto, sala e cozinha a prestação”. É um relato quase exato dos anos de governo Lula: facilidade de crédito para construção civil e para compra de eletrodomésticos.

De lá pra cá, Zeca Pagodinho se dedicou a álbuns para marcar seus 30 anos de carreira, de além de focar na criação de um novo selo de discos. Em 2013, saiu as ruas de Xerém para ajudar as vítimas de uma enchente, mostrando coerência com as preocupações trazidas em várias de suas músicas. E, agora, em 2014? O que cantará Zeca Pagodinho em suas músicas-crônicas?

*Sobre a “nova” formação social brasileira, ver “Os Sentidos do Lulismo” (André Singer), “A Política do Precariado” (Ruy Braga) e “O Mito da Nova Classe Média” (Márcio Pochmann). 


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