Publicado originalmente no Vanguarda Política
Neste domingo, 05 de julho, os gregos foram as urnas para decidir se o país deveria ou não aceitar o acordo econômico (ou as imposições) proposto pela Troika (formada pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI). Este plebiscito chamou bastante atenção por conta de seu caráter inédito e também porque o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, eleito pela SYRIZA (Coalização de Esquerda Radical), declarou que iria renunciar caso a população aceitasse a proposta da Troika.
E, em meio a muitas chantagens e a ameaças, o NÃO (OXI, em grego) foi vitorioso, com mais de 60% dos votos. E alguns dados chamam atenção:
2) O KKE (Partido Comunista da Grécia) foi o único partido com representação parlamentar que defendeu o voto nulo no plebiscito. E os votos nulos somaram 5,8%, um pouco maior do que nas eleições legislativas de 25 de janeiro (5%). Só que, em janeiro, o KKE havia feito 5,47% dos votos. Aparentemente, seus apelos pelo voto nulo não foram ouvidos nem em sua base eleitoral;
3) A votação do NÃO foi muito além da votação da SYRIZA de janeiro. Na ocasião, o partido do primeiro-ministro Alexis Tsipras tinha alcançado 36,4% dos votos. No plebiscito, a maioria dos partidos com representação parlamentar (PASOK, Nova Democracia e To Potami) defendeu o voto SIM (ou NAI, em grego). Por sua vez, além da SYRIZA, outros agrupamentos pequenos da esquerda (como a Antarsya, que fez 0,64% nas eleições legislativas) também defenderam o NÃO. Isso demonstra que a expressão eleitoral do NÃO foi muito superior a votação da esquerda radical em janeiro. Ou, melhor dizendo, a condução do processo de negociação de janeiro para cá foi capaz de convencer uma parcela dos gregos de que não havia condições de aceitar mais uma imposição da Troika;
4) É preciso registrar ainda que o Aurora Dourada, partido de orientação nazista e que tem representação parlamentar, também defendeu o NÃO, embora não tenha participado da mesma campanha que a SYRIZA;
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