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Sempre gostei muito de esporte: Olimpíadas, Copa do Mundo, futebol dali, futebol de lá, primeira, segunda, terceira divisão… Até um tempo atrás, eu sabia de cabeça todos os resultados da Copa do Mundo de 1994. E olha que na época eu tinha 10 anos de idade. Depois de um tempo, comecei a me desinteressar: dopping, manipulação de resultado, convocações por conta do patrocinador, sujeirada. Eu percebi que o esporte não era apenas aquela coisa bacana de ser ver pela TV no domingo de manhã; comecei a observar a tal economia política do esporte.

E sobre esta tal economia que me arrisco em escrever hoje. Sempre me cobrei em escrever isso, mas nunca me senti a vontade. Mas hoje acho que já tenho elementos necessários. Durante a última campanha eleitoral, fiz uma postagem no Facebook falando que minha irmã Juliana Pilotto havia feito a prova do IronMan em Florianópolis. Coloquei que o esforço dela era um estímulo para a minha participação nas eleições; comentei também que o esforço de vários desses atletas era ainda maior pela ausência completa de política públicas de apoio. Durante as Olimpíadas de Londres também havia comentado algo sobre o pífio desempenho do Brasil no quadro de medalhas.

Mas, inversamente, o esporte tem sido cada vez mais tema de campanhas políticas e de plataformas de vereadores, deputados, etc. Entendo que o PSOL também deve ter opinião sobre este tema, ainda mais quando estamos próximos de sediar Olimpíadas e Copa do Mundo. E, tal qual outros assuntos, a opinião do PSOL destoará um pouco do senso comum. Gostaria de abordar alguns pontos: formação de geração de atletas e participação olímpica, saúde e esporte e as tais políticas públicas.

Formação de geração de atletas e participação olímpica

Desde que lembro de Olimpíadas, é o mesmo papo: o Brasil ganha um monte de medalhas no Panamericano do ano anterior e chega na Olimpíada e tem um desempenho abaixo de países como Coreia do Norte, Cuba, Cazaquistão, entre outros. Ou seja, o Brasil fica muito aquém do que aparentemente poderia fazer. E, especialmente a partir de Atlanta 1996, o Brasil tem aumentado seu investimento financeiro em esporte. Mas, mesmo assim, a evolução de medalhas não é constante, com altos e baixos a cada Olimpíada.

O que entendo é o seguinte: até o governo Collor, não havia investimento público em esporte. Nada. Mas esse investimento vem crescendo a partir de FHC e depois com Lula e Dilma. E porque a posição brasileira no quadro de medalhas não cresce? Entendo que o Brasil investe na ponta errada: no esporte de altíssimo rendimento.

A política do Ministério do Esporte e do COB é voltada aos grandes atletas. Não é formada, portanto, uma base com milhões de atletas espalhados pelo país, com campeonatos de todos os esportes do Oyapoque ao Chuí. Dessa forma, o país investe em gerações de esporte A ou B, que não necessariamente estão ancorados numa atuação massiva; muitas vezes são talentos esporádicos. Na natação, por exemplo, tivemos a “geração de Gustavo Borges”, que em 1996 conquistou um bom número de medalhas (comparativamente com outras Olimpíadas para o Brasil); depois de 16 anos, em 2012, temos a “geração de Cesar Cielo”, que não ganhou mais medalhas do que a geração anterior, mostrando uma estagnação completa e uma dependência de “gerações”.

É preciso inverter esta lógica. É preciso que o esporte olímpico seja praticado em todo o Brasil, por gente que o faz com muita qualidade mas também por aqueles que são medianos. É olharmos para o altíssimo rendimento com um certo desprezo que vai possibilitar uma geração de atletas que, eventualmente, vão chegar ao nível de alto rendimento e poderão “render” medalhas olímpicas. Essa é a contradição: para ter atleta olímpico de verdade não se deve ter foco no atleta olímpico.

Saúde e esporte

Esporte é mais saúde. Essa é uma máxima que tem sido falada em todos os cantos. E é claro que, como um militante sanitarista, concordo com esta análise: praticar esportes evita doenças. Mas essa afirmação que está correta genericamente, também guarda seus dilemas e contradições.

Muitas vezes, a culpa da falta de prática esportiva é jogada em cima dos indivíduos. Isso deve ser refutado, visto que na maior parte dos bairros, das periferias e das cidades brasileiras não há equipamentos públicos para a prática do esporte. Quando tem, é aquela quadrinha de futebol meio estragada pela ação do tempo. Portanto, para se garantir a possibilidade de prática esportiva é preciso construir centros de integração cultural, que possibilitem práticas esportivas, culturais, políticas e educacionais.

Mas, além disso, é preciso salientar que determinado tipo de esporte não está associado a saúde. É o esporte de alto rendimento, que muitas vezes tem atletas estourados precocemente por conta do alto esforço exigido, há o uso de dopping e outras drogas, etc. Portanto, esporte que combina com saúde é o esporte praticado de maneira ampla, não necessariamente em competições ou em grandes eventos esportivos.

Políticas Públicas

Esse ponto já foi abordado superficialmente nos pontos acima. Para além do que já foi colocado, é preciso ter uma outra ação de nível nacional, que é a democratização das entidades que controlam o esporte brasileiro. As Confederações e Federações esportivas servem, em muitos casos, para acomodação de apadrinhados políticos, para desvio de dinheiro público e outras barbaridades (qualquer semelhança com as velhas Confederações sindicais pelegas não é mera coincidência). No Brasil existem Confederações de esportes que não são praticados; tais entidades recebem dinheiro público e não o aplicam em nada (ou, quem sabe, aplicam para seu próprio benefício).

Então, para além de políticas de incentivo cotidiano ao esporte, que envolvem a instalação de equipamentos, a conservação destes, o investimento financeiro nos esportes de base, é preciso a democratização do sistema de Confederações e Federações. No Brasil, não há questões simples, como por exemplo, o direito a um dia de folga para aquele empregado que participar de uma competição esportiva.

Concluindo (ou não)…

Esse é um primeiro esforço de sistematizar reflexões que venho fazendo e debatendo há algum tempo. Faltam vários elementos e principalmente um estudo maior das situações. Também é preciso entender que é a partir de reflexões como essa que poderemos articular um movimento ligado ao esporte, que saia do senso comum e avance realmente. Temos hoje, por exemplo, a ANT – Associação Nacional dos Torcedores – que vem lutando contra a elitização do futebol e que pode ser o pontapé para movimentos mais amplos em relação ao tema do esporte.

É preciso entender a economia política do esporte para que possamos ter cada mais uma democratização da possibilidade de acesso a prática esportiva, fundamental para um avanço na qualidade de vida dos milhões de trabalhadores e trabalhadoras que atualmente não tem este direito.


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