É com muita satisfação que estarei, no dia 18 de junho, participando de debate em Curitiba com Luciana Genro e Maria Lucia Fatorelli. Comecei minha militância há 10 anos, em 2003, ano de muito simbolismo e de muitos acontecimentos. E, naquele momento, Luciana e Fatorelli foram fundamentais para decisões políticas que tomei e que tem impacto até hoje. Suas posições políticas foram fundamentais para a decisão política de sair do PT e de construir um novo partido, que hoje é o PSOL.
A posse de Lula na presidência da República em janeiro de 2003 trazia grandes expectativas. Mas os primeiros meses de governo foram duchas de água fria: nomeação de um deputado federal eleito pelo PSDB e ex-executivo do Bank of Boston para a presidência do Banco Central (Henrique Meirelles), acordos políticos com Sarney e Renan Calheiros, ortodoxia no ministério da Fazenda e a ressuscitação da reforma previdenciária que FHC não havia conseguido aprovar.
Neste cenário, em que a história parecia caminhar ao seu final, visto que o partido da mudança havia chegado ao poder para manter o status quo, surgiram lideranças que afirmaram que o motor da história iria continuar, que era preciso questionar, que a adesão do PT ao sistema não significava a morte da luta socialista no Brasil.
Maria Lucia Fatorelli, com seu acumulo notável sobre a questão da dívida pública, mostrou o quanto o governo de Lula era conservador e igual a FHC na subserviência ao pagamento de juros da dívida e na manutenção deste sistema perverso de dominação. De lá pra cá, participou da auditoria da dívida promovida pelo governo do Equador e da CPI da Dívida da Câmara dos Deputados no Brasil. Enquanto o tema teve avanços no Equador, aqui continuamos como há 10 anos atrás.
No parlamento, Luciana Genro, então deputada federal pelo PT/RS, articulou uma frente de deputados federais, que chegou a ter cerca de 30 parlamentares, que se colocava, dentro do partido do governo, contra as medidas conservadoras da administração de Lula. Essa articulação foi pressionada por todos os lados pelo aparato governista e, na votação da Reforma da Previdência, poucos deputados votaram contra o governo e a favor da coerência. Luciana foi uma delas e, junto com Babá, Heloísa Helena, João Fontes e milhares de militantes de todo o Brasil, fundou o PSOL em junho de 2004. Depois disso, Luciana manteve sua combativa atuação parlamentar, sendo uma das articuladoras da Frente Parlamentar em Defesa da Universidade Pública e do projeto de lei que instituiria o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Em 2006, se reelegeu como uma das mais votadas no Rio Grande do Sul.
Passados 10 anos deste turbulento ano, a fundação do PSOL se mostra cada vez mais acertada. Apesar de melhorias econômicas, os governos do PT não conduziram o país a mudanças estruturais neste período, muito menos plantaram sementes para tais mudanças. Será uma honra participar deste Seminário e poder contribuir para a construção de um programa político para a esquerda brasileira, tão urgente e necessário.