No dia 01º de setembro, participei de uma sabatina promovida pela ÓTV, que contou com a participação, entre os entrevistadores, do jornalista Rogério Galindo, da Gazeta do Povo e do blog Caixa Zero (para vê-la na íntegra, clique aqui). A sabatina permitiu aprofundar algumas debates e temas da campanha e os “temas ideológicos” foram bastante abordados. Na ocasião, fiz questão de registrar que a possibilidade de debatermos “grandes temas” naquela sabatina era fruto do PSOL ser um partido ideológico, com programa, diferente de outras legendas de aluguel.
Um dos temas abordados foi a questão da segurança pública. Conseguimos debater o que estamos chamando de “medidas desmilitarizantes”. Esse debate rendeu uma postagem no blog Caixa Zero, o que mostra que nossa participação na sabatina trouxe reflexões àqueles que tiveram a oportunidade de assistir.
Mas a parte mais interessante da sabatina foi acerca da dicotomia entre público e privado. Ao argumentar que a experiência com serviços privados e/ou terceirizados mostrava que estes tem sua qualidade diminuída, fui contra argumentado por Rogerio Galindo, que apontou que os serviços públicos também são pessimamente avaliados. Respondi falando que os serviços públicos são os únicos que permitem controle social e que por isso eles devem ser defendidos, visto que a participação popular pode alterá-los e melhorá-los.
Essa foi uma boa resposta para aquele momento. Mas considero que foi insuficiente. Entendo que a grande resposta para esta questão é o balanço acerca do processo de “inclusão social” feito no Brasil nos últimos 12 anos. Desde que Lula tomou posse, em 2003, verificamos no Brasil o que é chamado, por muitos, de “inclusão social via mercado”. Esse mecanismo funciona da seguinte forma: ao invés de garantir uma educação pública de qualidade, o governo te concede bolsas para que você pague uma faculdade privada; ao invés de garantir uma saúde pública de qualidade, o governo te concede um auxílio que te permite pagar um plano de saúde e assim por diante.
Só que o mercado, mesmo recebendo grandes somas de dinheiro público, não fornece um serviço de qualidade. E aquele que estava feliz por ascender socialmente, logo percebe que essa “subida de vida” foi uma enganação. Entendo que isso é o que está na matriz das manifestações que lotaram as ruas em junho de 2013. É a indignação da “velha classe média” e da “nova classe média”. Uma vê seus antigos espaços de privilégios invadidos por uma “ralé” e outra, mais numerosa, se depara com a “vida real” após acreditar num discurso de ascensão social.
O modelo de “cidadania de mercado” largamente utilizado no Brasil nos últimos 12 anos e a contínua falência das condições de acesso a saúde e educação da população brasileira mostram que a melhor aposta deve continuar sendo os serviços públicos e estatais, mesmo que os atuais exemplos não sejam 100% positivos.